Polícia isola área em frente ao tribunal de Tirana após assassinato do juiz Astrit Kalaja. (Foto: X)© Foto: X
Um episódio chocante de violência abalou o sistema judiciário da Albânia nesta segunda-feira, quando o juiz da Corte de Apelações de Tirana, Astrit Kalaja, foi assassinado a tiros dentro de sua própria sala de audiência. O ataque ocorreu durante uma sessão sobre uma disputa de propriedade, quando um réu de 30 anos, identificado pela polícia como E. Sh., sacou uma arma e disparou contra o magistrado.
O juiz Kalaja chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho. Outras duas pessoas, um pai e seu filho — parte contrária no processo — também foram baleadas e permanecem internadas em estado estável.
De acordo com relatos da imprensa local, o atirador acreditava que perderia o caso, o que teria motivado o ataque. A polícia prendeu o suspeito no local e apreendeu o revólver usado no crime. O tio do agressor e um segurança do tribunal também foram detidos para investigação.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram o caos do lado de fora do tribunal, com policiais correndo, viaturas chegando e pessoas em pânico. O juiz Kalaja era um jurista respeitado com mais de 30 anos de experiência e atuava na Corte de Apelações de Tirana desde 2019.
O crime reacendeu o debate sobre a legislação de armas no país. A posse ilegal de armas na Albânia pode levar a até três anos de prisão, mas o número de incidentes com armas de fogo é crescente — apenas no primeiro semestre de 2025 foram registrados 213 casos, segundo dados do SEESAC.
O primeiro-ministro Edi Rama classificou o assassinato como um “evento trágico” e pediu penas mais severas para crimes com armas de fogo, além de reforço na segurança dos tribunais. O presidente Bajram Begaj declarou que o ataque foi “terrível” e atingiu “todo o sistema judiciário”. Já o líder da oposição, Sali Berisha, destacou que é a primeira vez em 35 anos que um juiz é morto em pleno exercício da função.
O procurador-geral Olsian Çela prometeu revisar os protocolos de segurança para proteger os magistrados. A Albânia vem passando por reformas judiciais com apoio dos Estados Unidos — sob a presidência de Donald Trump — e da União Europeia desde 2016, mas ainda enfrenta desafios como lentidão processual e tensões em casos delicados como disputas de terra.