Presidente norte-americano pede a negociadores que ajam rapidamente
Publicado em 06/10/2025 – 08:59 – Cristina Sambado – Repórter da RTP – Imagem – 1º/10/2025 REUTERS/Mahmoud Issa
As delegações do Hamas e de Israel devem iniciar nesta segunda-feira (6) negociações indiretas com o objetivo de libertar reféns mantidos em Gaza e pôr fim a dois anos de guerra devastadora no território palestino. Donald Trump pediu aos negociadores que “ajam rapidamente”.
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As negociações terão como foco a primeira fase do plano de Trump para pôr fim à guerra em Gaza, revelou o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito, ou seja, a libertação dos restantes 48 reféns detidos pelo Hamas em troca de prisioneiros palestinos detidos em Israel.
Em publicação nas redes sociais, na noite desse domingo (5), o presidente dos Estados Unidos (EUA) disse que as negociações avançam rapidamente, acrescentando que a primeira fase “deverá estar concluída esta semana”. O incentivo surgiu enquanto Israel continuava os ataques a Gaza, matando 63 pessoas nas últimas 24 horas. As negociações na cidade turística de Sharm el-Sheikh ocorrem na véspera do segundo aniversário do ataque sem precedentes do movimento islâmico palestino Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra.
O enviado dos EUA, Steve Witkoff, deverá participar das negociações em Sharm el-Sheikh, segundo os meios de comunicação, além dos negociadores israelenses e de uma delegação palestina chefiada por Khalil al-Hayya, vice-chefe do gabinete político do Hamas.
O porta-voz do governo israelense, Shosh Bedrosian, afimou aos jornalistas que as negociações no Egito estariam “limitadas a alguns dias, no máximo”.
A libertação dos reféns e a troca de prisioneiros significariam o fim imediato dos combates em Gaza, segundo Trump. Desde a aceitação parcial do Hamas do seu plano para pôr fim à guerra de quase dois anos em Gaza, na sexta-feira, os EUA, Israel e o Hamas têm afirmado que acreditam em um cessar-fogo próximo.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, afirmou, em entrevista à TV ABC, que as negociações no Egito foram “o mais perto de conseguir a libertação de todos os reféns”. No entanto, alertou que as negociações ainda podem falhar devido à logística e que os detalhes da libertação dos reféns precisam ser acertados.
Rubio afirmou ainda que existiam desafios a longo prazo na implementação do acordo, em particular a criação de um organismo governamental tecnocrático para supervisionar Gaza no lugar do Hamas. Salientou que a prioridade atual é a libertação dos reféns e a garantia de que as tropas israelenses recuem para uma linha acordada em Gaza.
Anunciado em 29 de setembro, o plano norte-americano prevê um cessar-fogo, a libertação, no prazo de 72 horas, dos 47 reféns ainda mantidos após o ataque de 7 de outubro, a retirada gradual do Exército israelense de Gaza e o desarmamento do Hamas. Em troca, Israel retiraria gradualmente as suas tropas e devolveria mais de mil prisioneiros palestinos. O Hamas afirmou no domingo que está “ansioso por iniciar imediatamente o processo de troca” de reféns por prisioneiros palestinos detidos por Israel.
O acordo liberaria um aumento da ajuda humanitária a Gaza, onde parte da população passa fome, bem como fundos para a reconstrução.
Na noite de sábado (4), Trump partilhou um mapa de Gaza que delineava a linha inicial de retirada das tropas israelenses em Gaza, que variava entre dois quilômetros (km) e 6,4 km no território. O presidente norte-americano acrescentou que se o Hamas concordasse com a linha de retirada, começaria imediatamente um cessar-fogo.
As forças israelenses deverão recuar completamente para uma zona tampão na fronteira de Gaza, de acordo com os termos do plano, embora o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, tenha afirmado que, independentemente de qualquer acordo, as tropas permanecerão na maior parte de Gaza.
Cessar-fogo
O otimismo em relação a um possível cessar-fogo tem crescido em todo o mundo, com os líderes ocidentais e árabes a exortarem o Hamas e Israel a chegarem a um acordo.
No domingo (5), o chanceler alemão, Friedrich Merz, telefonou a Netanyahu e manifestou apoio ao plano de Trump, descrevendo-o como “a melhor hipótese para a paz”, segundo comunicado.
O presidente do Egito, o país que acolhe as negociações saudou os esforços dos Estados Unidos sobre Gaza.
“Um cessar-fogo, o regresso de prisioneiros e detidos, a reconstrução de Gaza e o lançamento de um processo político pacífico que conduza ao estabelecimento e reconhecimento do Estado Palestino significam que estamos no bom caminho para uma paz e estabilidade duradouras”, afirmou Abdel Fattah al-Sisi, em discurso que marcou a guerra israelense-árabe de outubro de 1973 (guerra do Yom Kippur).
Por sua vez, Teerã, que é aliada do Hamas, expressou apoio a qualquer iniciativa para acabar com “crimes de guerra” e “limpeza étnica”.
“Apoiamos sempre qualquer iniciativa que envolva o fim da limpeza étnica, dos crimes de guerra e dos crimes contra a humanidade em Gaza”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irã, em comunicado divulgado na noite desse domingo.
As autoridades israelenses disseram ainda que esperam anunciar o fim da guerra nos próximos dias.
Um alto funcionário do Hamas disse à agência France-Presse que o grupo estava “muito interessado em chegar a um acordo para pôr fim à guerra e iniciar imediatamente o processo de troca de prisioneiros, de acordo com as condições no terreno”.
Trump ameaçou o Hamas com “destruição completa” caso não chegasse a acordo sobre Gaza, numa entrevista à CNN. Disse ainda que Netanyahu apoiava o fim do bombardeio de Gaza.
Apesar do pedido de Trump para que Israel interrompa os ataques e das ordens para que os militares conduzam apenas “operações defensivas”, Israel continuou a bombardear o território palestino. Pelo menos oito pessoas foram mortas em ataques separados na Cidade de Gaza, enquanto outras quatro foram mortas a tiro enquanto procuravam ajuda no sul do enclave.
“Embora alguns bombardeios tenham realmente cessado dentro da Faixa de Gaza, não há nenhum cessar-fogo em vigor neste momento”, acrescentou Shosh Bedrosian.
Pelo menos 67.139 pessoas foram mortas e cerca de 170 mil ficaram feridas na campanha militar israelense em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde, que afirmou que cerca de metade delas era formada de mulheres e crianças. Israel lançou a campanha em retaliação ao ataque de militantes liderados pelo Hamas que matou cerca de 1.200 pessoas e fez 251 reféns.
A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou estado de fome em parte do território sob rigoroso bloqueio israelense, e os seus investigadores alegam que Israel comete genocídio no território. As acusações são rejeitadas por Israel.
Considerado organização terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos, o Hamas tomou o poder em Gaza em 2007, dois anos após a retirada unilateral de Israel do território palestino que ocupou durante 38 anos.
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