No dia 17 de outubro, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse, em uma entrevista coletiva em Bruxelas: “Sabemos que a Coreia do Norte está preparando 10 mil soldados para enviar à Ucrânia e lutar contra nós”.
Zelensky acrescentou que a participação da Coreia do Norte na guerra era “o primeiro passo para uma Guerra Mundial.”
Informação de um diplomata ocidental
Dias antes, um diplomata ocidental não identificado disse ao Kyiv Post que não se sabia ao certo que tipo de tropas norte-coreanas estavam a ser enviadas para ajudar a Rússia nem suas capacidades.
O relato seguiu comentários anteriores de Zelensky sobre a Rússia ter um plano para incluir “o envolvimento real da Coreia do Norte na guerra” no outono ou inverno (do hemisfério norte) de 2024.
“Isso já não é apenas sobre transferir armas. É realmente sobre transferir pessoas da Coreia do Norte para as forças militares ocupantes”, foram as palavras de Zelensky, em um discurso noturno, segundo o The Kyiv Independent.
Um aviso da Coreia do Sul
No dia 8 de outubro, o Ministro da Defesa da Coreia do Sul, Kim Yong-Hyun, alertou que a Coreia do Norte, provavelmente, enviaria soldados para a Ucrânia, após assinar um novo acordo de segurança com Moscou, em junho.
“Como a Rússia e a Coreia do Norte assinaram um tratado mútuo semelhante a uma aliança militar, a possibilidade de tal implantação é altamente provável”, disse o Ministro da Defesa da Coreia do Sul ao parlamento do país.
Em 10 de outubro, um oficial de inteligência militar ucraniano, sob condição de anonimato, revelou ao The Washington Post que vários milhares de soldados da Coreia do Norte estavam a ser treinados na Rússia.
O funcionário afirmou que os soldados norte-coreanos poderiam ser implantados nas linhas de frente na Ucrânia antes do final do ano. Ele acrescentou que o país o r i e n t a l já tinham oficiais no território ucraniano ocupado pela Rússia.
“Isso poderia ter um impacto significativo. Especialmente se estivermos falando sobre liberar reservas dentro do território da própria Federação Russa”, explicou a fonte.
Relatos sobre tropas norte-coreanas na Rússia e no território ucraniano ocupado pela Rússia também surgiram no Telegram, segundo o The Washington Post.
Em 3 de outubro, um ataque de míssil ucraniano contra um alvo no território ocupado pela Rússia perto da cidade de Donetsk resultou na morte de vinte soldados, seis dos quais eram oficiais norte-coreanos, informou o Kyiv Post.
Três soldados norte-coreanos também foram feridos em um ataque de míssil, enquanto assistiam a uma demonstração russa sobre o “treinamento do pessoal para ações de assalto e defesa”, relatou o Kyiv Post, a partir de relatos nas redes sociais.
Em 2023, a Direção Principal de Inteligência da Ucrânia avisou a Pyongyang estar consciente de seu envio de pessoal militar, incluindo engenheiros, para o território ocupado pela Rússia perto de Donetsk, observou a Newsweek, que citou um canal russo do Telegram.
Já The National Center for Resistance confirmou, em setembro de 2023, que o líder norte-coreano Kim Jong Un foi persuadido pelo presidente russo Vladimir Putin a enviar cidadãos norte-coreanos para os territórios ocupados pela Rússia na Ucrânia.
Putin, supostamente, convenceu Kim a abrir missões diplomáticas em Donetsk e Luhansk para que ambos países pudessem fortalecer os laços econômicos, promover o turismo e facilitar a importação de trabalhadores que poderiam ser usados em projetos de construção nos territórios ocupados.
Rússia e Coreia do Norte desenvolveram uma relação muito mais próxima desde que Putin ordenou a invasão em larga escala da Ucrânia, em fevereiro de 2022. Os Estados Unidos, de fato, acusaram Moscou de usar seu relacionamento para obter materiais de guerra de Pyongyang.
Em junho de 2024, o Ministro da Defesa da Coreia do Sul, Shin Wonsik, afirmou que Pyongyang havia entregado cerca de 10.000 contêineres de ajuda militar para a Rússia. O materia poderia conter até 4,8 milhões de peças de artilharia, de acordo com a Bloomberg News.
“Putin espera buscar uma cooperação de segurança mais próxima com a Coreia do Norte, especialmente suprimentos militares como cartuchos de artilharia que são necessários para aproveitar uma chance de vencer”, disse Shin à Bloomberg News.
Em troca, a Rússia estaria a forner tecnologia aos norte-coreanos para ajudá-los em seus planos de implantar satélites de espionagem em órbita. Shin também afirmou que Moscou estava a ajudar a Coreia do Norte a avançar suas armas convencionais como tanques e aeronaves.
Em junho de 2024, Putin visitou a Coreia do Norte, pela primeira vez em 24 anos. Lá, ele assinou um novo pacto de defesa e segurança com Pyongyang que a revista Foreign Policy definiu como um “acordo marcante” entre as duas nações.
“O tratado promete ajuda militar imediata se qualquer um dos países enfrentar agressão armada,” observou Alexandra Sharp, em artigo publicado na Foreign Policy. A União Soviética assinou um acordo semelhante com a Coreia do Norte em 1961, que durou até o colapso do estado comunista.